minha cronicidade

Aqueles olhares que me vigiam no escuro

Aquele não-grupo, que a conversa me afasta o sono

Aquela náusea onírica,

vômito desperto

Pensamentos não pensados

emaranhados sem sentido

confusão do que é

Para mim toda a palavra é falsa

isenta de confiança

Para mim toda ação é falsa

isenta de confiança

Significado obscuro pressinto

Solidão quem me acompanha

a não presença

livre de olhos e ouvidos

onde apenas o não-grupo eu escuto

Enquanto afasto pessoas 

QUEM VOCÊ TEM?

Vi essa pergunta num post na infinita timeline do facebook; alguns amigxs, e outras pessoas responderam esse mesmo post marcando namoradxs, amigxs ou Quem você tem?

parentes.

Que pergunta pertinente para esse momento, quando eu me encontro “sem ninguém”.

Mas me veio a resposta logo de cara (e não, eu não respondi esse post, deixei essa resposta para mim mesmo).

Quem eu tenho? Alguém pode ter outra pessoa? Quem realmente pertence a quem, nesse mundo narcisista onde pessoas passaram a ser produtos qualificados?

Minha resposta é simples: eu tenho eu mesmo. Eu me possuo, meus pensamentos e ações são meus, minha vida é minha e apenas a mim mesmo devo satisfação, porque eu me entendo.

Não, eu não possuo ninguém. E quem garante que possui outra pessoa é no mínimo ingênux, ou não repara no mundo, e nas pessoas, à sua volta.

Eu tenho uma filha, minha filha. Tenho irmãos, tenho amigxs, tenho parentes. Mas quem dessas pessoas realmente me pertence? E para quem eu pertenço?

Essa objetificação de pessoas me incomoda e cada vez isso está mais presente e mais comum.

É um incômodo assustador.

Continuem me julgando

Continuem me julgando.

Falem, falem,falem de mim.

Chamem-me de ladrão, de bixa e maconheiro.

Falem até não sobrar mais nenhuma teoria que a mente limitada de vocês é capaz de criar.

Continuem me julgando, porque é assim que eu vejo como vocês julgam os outros; e é assim que eu sei como cada um de vocês se julga.

Continuem me julgando até que as máscaras de vocês não suporte o peso do veneno expelido pelos seus olhos; até que suas máscaras estejam no chão e suas almas torpes e asquerosas estejam reveladas.

Continuem me julgando, para que assim vocês não pensem em sua própria existência; para que vocês se sintam superiores nesse mundo de ilusão; para que suas vidas medíocres ganhem mais cor.

E qual de vocês, nus, teria coragem de olhar um para o outro e julgar-lhe a alma exposta olhando para si mesmo no espelho?

Continuem me julgando, senhores do destino.

Há Beleza

Há beleza no mundo.

Há beleza nas pessoas.

Mas é difícil ver essa beleza,

ela não está acessível à qualquer um.

É preciso um entendimento prévio.

Ela não é vista com os olhos.

Ela se sente com a alma.

Ela está nas pequenas coisas, nas mais ordinárias possíveis.

Em um gesto. Em um olhar. No tempo.

No cheiro. Na temperatura. No calor e no frio.

Essa beleza… não é vista com os olhos.

Ela é sentida com o próprio corpo.

E são raros os que conseguem senti-la.

À traição

Tão carnal quanto a própria carne.

Tão humano quanto nosso própria humanidade 

Tão íntimo que é visto como pecado.

À traição.

Um desejo.

Tentação.

Saudade.

Carência.

Humano, como nós mesmos.

À traição.

Ao adultério.

Pois ninguém pertence à ninguém.

E vivemos nos importando.

Com aqueles que não nos pertencem.

O que falta?

Ouço você falar palavras quê não me trazem segurança.

Porque procurar algo que não te traz satisfação?

Somos parecidos, em todas as coisas e nenhuma.

E tem algo em mim que está muito errado.

E algo em você que também está muito errado.

E falta um elo.

Um pequeno elo.

Bem simples, mas que precisa ser verdadeiro.

Algo verdadeiro.

Tudo em seu Tempo

O tempo que é preciso esperar para plantar e colher é o mesmo que um pecado leva para ferir a vítima e seu algoz.

Você colhe o que planta. Você colhe o que planta. Não perca o autocontrole.

As atitudes passadas sempre desabrocham na primavera.

A fragrância do erro pode ser sentido no ar.

E aquela roseira, tão bonita e tão dolorosamente nostálgica, contém em cada rosa uma lembrança, seja de dor, ou medo, ou inveja, ou mentira, ou alegria, ou felicidade...

Você colhe o que planta.

Há também aquelas sementes que vem do fundo do coração, cuidadas com amor; aquelas que ninguém lembra ou não deram a devida importância. Mas elas são importantes.

Sementes de detalhes mais intensos que falsas emoções. Sementes ordinárias, mas que contém um universo de bons sentimentos verdadeiros: elas também germinam. Elas também darão fruto.

Tudo em seu tempo. Tudo em seu tempo.

O Céu Sufoca

Alguns homens se sentiriam aliviados 

no vácuo do espaço: conseguiríamos respirar: sozinhos

Longe disso disso tudo que ao mesmo tempo é nada

Longe de pessoas que amamos: é bom sentir saudades

Longe de pessoas que odiamos: e evitar sentir raiva delas

Deixar a mente serena, sem interferências

O som de um meteoro seguindo sua órbita

Depois

Apenas o silêncio

Porque o céu

Essa pequena abóboda azul

Que mantém tudo junto

Que vigia os reencontros

"Oi a quanto tempo, Como esse mundo é pequeno, não é mesmo, haha"

O céu é menor

E sufoca

Saber Amar

Machuquei pessoas que me amavam. Novamente.

Por um capricho. 

Por algo fugaz. 

Por um momento meu. 

E agora, o que sobra pra depois? 

O amor ferido já não é mais amor. 

Tristeza, rancor, raiva. 

É difícil dar um nome. 

Pode se tornar qualquer coisa. 

Ou permanecer amor. 

Ou simplesmente acabar. 

E a mesma pergunta lateja: Como é que se vive? 

É impossível saber.

Grades Virtuais

Em meio à esse admirável mundo novo das redes sociais,

Esse universo paralelo virtual.
Eu me sinto perdido.
Me sinto frio.
E sozinho.
Mais sozinho que no mundo real.
Deve ser a falta do calor.
A falta do cheiro.
O não sentimento da presença.
O toque nos teclados ao invés da pele.
Orgasmos virtuais.
Esse sentimento de me sentir conectado ao mundo e outras pessoas,
Estando sozinho.
É triste.

O amor de sempre

Mais um amor.

Mais um beijo.

Mais uma transa.

Mais um orgasmo.

Mais um trago.

Conversas, encontros, diálogos e mentiras.

E depois.

Mais um amor.

Um novo.

Com gosto de velho.